sábado, 13 de agosto de 2011

A poesia de Gaspara Stampa V

(continuação)

XIII

Chi darà penne d'aquila o colomba
al mio stil basso, sì ch'ei prenda il volo
da l'Indo al Mauro e d'uno in altro polo,
ove arrivar non può saetta o fromba?
e, quai chiara e risonante tromba,
la bellezza, il valor, al mondo solo,
di quel bel viso, ch'io sospiro e còlo,
descriva sì, che l'opra non soccomba?
Ma, poi che ciò m'è tolto, ed io poggiare
per me stessa non posso ove conviene,
sì che l'opra e lo stil vadan di pare,
l'udranno sol queste felici arene,
questo d'Adria beato e chiaro mare,
porto de' miei diletti e di mie pene.


XIII

Quem dará penas d'águia ou de pomba
ao meu estilo baixo, assim que ele prenda o voo
do Indo ao Mauro e de um ao outro polo,
onde chegar não pode flecha ou funda?
e. qual clara e ressonante trompa,
a beleza, o valor, ao mundo só,
daquele belo vulto, qu'eu suspiro e adoro,
descreva assim, que a obra não sucumba?
Mas, já que tal me é tolhido, e eu apoiar
por mim mesma não posso onde convém,
assim que obra e estilo vão a par,
a ouvirão apenas estas felizes arenas,
este de Adria beato e claro mar,
porto dos meus dilectos e das minhas penas.



XIV

Che meraviglia fu, s'al primo assalto,
giovane e sola, io restai presa al varco,
stando Amor quindi con gli strali e l'arco,
e ferendo per mezzo, or basso or alto,
indi 'l signor, che 'n rime orno e essalto
quanto più posso, e 'l mio dir resta parco,
con due occhi, anzi strai, che spesso incarco
han fatto al sole, e con un cor di smalto?
ed essendo da lato anche imboscate,
sì ch'a modo nessun fess'io difesa,
alta virtute e chiara nobiltate?
Da tanti e ta' nemici restai presa;
né mi duol, pur che l'alma mia beltate,
or che m'ha vinta, non faccia altra impresa.



XIV

Que maravilha foi, se no primeiro assalto,
jovem e só, fiquei pelo caminho,
estando Amor por isso com as setas e o arco,
e ferindo pelo meio. ora baixo ora alto,
de onde o senhor, que em rimas orno e exalto
quanto mais posso, e o meu dizer resta parco,
com dois olhos, ou ainda mais, que frequente ofensa
ao sol fizeram, e com um coração valente?
e sendo de lado também emboscada,
assim que de nenhum modo foss'eu defesa,
alta virtude e clara nobreza?
De tantos e tantos inimigos fiquei cativa;
nem me doí, desde qua a alma minha beleza,
ora que me venceu, não cometa outra empresa.



XV

Voi, che cercando ornar d'alloro il crine
per via di stile, al bel monte poggiate
con quante sí fe' mai salde pedate,
anime sagge, dotte e pellegrine,
in questo mar, che non ha fondo o fine,
le larghe vele innanzi a me spiegate,
e gli onori e le grazie ad un cantate
del mio signor sì rare e sì divine:
perché soggetto sì sublime e solo,
senz'altra aíta di felice ingegno,
può per se stesso al cielo alzarci a volo.
Io per me sola a dimostrar ne vegno
quanto l'amo ad ognum, quanto lo còlo;
ma de le lode sue non giungo al segno.


XV

Vós, que buscando ornar de louro a cabeça
devido ao estilo, ao belo monde apoiais
com quantos deis nunca firmes passos,
almas sábias, doutas e peregrinas,
neste mar, que não tem fundo ou fim,
as largas velas diante de mim desfraldadas,
e as honras e as as graças a uma voz cantadas
do meu senhor tão altas e tão divinas:
porque sujeito tão sublime e só,
sem outra ajuda de feliz engenho,
pode por si só ao ceu alçar-se em voo.
Eu por mim só demonstrar venho
quanto o amo a cada um, quanto o adoro;
mas os louvores seus não atinjo.



(continua)

Sem comentários:

Enviar um comentário