terça-feira, 9 de agosto de 2011

Uma poesia de Francesco de Lemene




Francesco De Lemene (Lodi, 19 de Fevereiro de 1634 – Lodi, 24 de Julho de 1704) foi um poeta e librettista italiano.

Oriundo de uma família aristocrática, estuda na Università di Bologna e di Pavia, onde obtém diploma em 1655. Foi sucessivamente empregado na então administração espanhola, primeiro como orador público em Milão e posteriormente como decurião em Lodi. Em 1661 permanece em Roma onde frequenta o círculo de Cristina da Suécia. Foi nesta cidade que iniciou a sua actividade libretística. Em 1691 passa a fazer parte da Accademia dell'Arcadia com o pseudónimo literário de Arezio Gateatico.


In Giardin, ch’avea dipinto
La Natura in vaga scena,
Discorrean della lor pena
Una Rosa, ed un Giacinto.
Di quest’Aure ivi presenti
Mi diss’una in sua favella,
Che in tal guisa e Questo, e Quella
Intrecciavano i tormenti.
Piangi, o Rosa? E tu sospiri,
O Giacinto? Ahi duolo!
Ahi morte!Qual destin? qual dura sorte?
Onde il pianto? onde i sospiri?
Ti dirò la doglia acerba,
Onde, o Rosa, io sto languendo;
Che dal seno al labbro uscendo
Spesso il duol si disacerba.
Spiegherò la doglia anch’io,
Che trafigge il mio pensiero;
Perché dica il passeggiero,
Se v’ha duol simile al mio.
Dunque, o Rosa, in dolci metri
La cagion spiega del pianto.
Parla tu, Giacinto. Intanto
Fia, ch’io tregua al pianto impetri.
Se, Regina, è tuo diletto,
Rinovare il duol mi piace.
Odi me. Del Sol seguace
Fui fra tanti il piú diletto.
Ne’ suoi giri il divin Sole,
O se il giogo al Monte indora,
O se l’Horto egli colora,
Per compagno ognor mi vuole.
Che piú dir? De’ raggi amati
Mi colmai la cieca mente;
Perché trassi riverente
Nel suo sen sonni beati.
Picciol lobo (ah Pomo ingrato!)
Perché a me la morte diede,
Or morir per me si vede
Di me il Sole innamorato.
Quindi io spiego in queste foglie
Con un’Ahi, che n’esce fuori,
Il dolor de’ suoi dolori,
E le sue nelle mie doglie.
O Giacinto, io con fatica
Dirò il duol, che mi tormenta.
Ho ben’Alma, che lo senta,
Ma non Lingua, che lo dica.
Tu lo mira. Ho molle il Ciglio
Di rugiada lagrimosa,
Come Madre dolorosa,
Che perduto abbia il suo Figlio.
Volgi il guardo, ahi per pietade,
A mirar Vergine afflitta:
Vedi pur, che m’han trafitta,
Non so dir se Spine, o Spade.
Come tu, di macchia oscura
Io non ho le foglie impresse;
Perché il Sol per sua m’elesse,
E mi volle tutta pura.
Ma quel Sol, che mi dà vita,
È lo stesso, che m’uccide;
Che da me l’alma divide,
Se da me vuol far partita.
Quand’ei nasce, oh me felice!
Son tra i fior la fortunata,
E mi dice ognun beata;
Ma se muore, oh me infelice!
Ei nell’Orto, ed io nell’Horto,
Quando spunta, allora io spunto;
Ma, l’Occaso ad ambi giunto,
Muoro anch’io, quand’egli è Morto.
Qual con nuovo oscuro velo
Atra Notte il Mondo serra?
Qual tremor scuote la Terra?
Qual’orrore ingombra il Cielo?
Ahi. Tramonta il Sol, che adoro.
Or contempla il mio martire:
Anch’io muoro al suo morire.
Muoro, ahi lassa. Ahi lassa, muoro.
Qui gelò la Rosa, e svenne,
E cadea già sul terreno,
Ma, qual Figlio, entro il suo seno
Il Giacinto la sostenne.
Or se sola sí funesta
Di pietà, d’orror v’ingombra,
Che fia poi, se colta ogn’ombra,
Un bel ver si manifesta?
Finger volli, e finsi solo
Per pietà de’ vostri affetti;
E ’l coprii con duo Fioretti,
Per mostrar men fero il duolo.
Questi or vuol la Cetra mia
Disvelar pietosi inganni.
Il Giacinto era Giovanni,
E la Rosa era Maria.


No Jardim, que tinha pintado
A Natureza em vaga cena,
Discorriam das suas penas
Uma Rosa, e um Jacinto.
De estas Brisas então presentes
Me disse uma no seu linguarejar,
Que desse modo e Isto, e aquilo
Entrançavam os tormentos.
Choras, ó Rosa? E tu suspiras,
Ò Jacinto? Ah como me dói!
Ah morte!Qual destino? que dura sorte?
Onde o choro? onde os suspiros?
Te direi a dor pungente,
De que, ò Rosa, estou sofrendo;
Que do seio ao lábio saindo
Não raro a dor se atenua.
Explicarei a dor também eu,
Que trespassa o meu pensar;
Que assim diga o passageiro,
Se tendes dor semelhante à minha.
Logo, ò Rosa, em doces metros
A razão explica do pranto.
Fala tu, Jacinto. Enquanto
Tal, que eu tréguas ao pranto suplique.
Se, Rainha, é teu prazer,
Renovar a dor me apraz.
Odeias-me. Do Sol sequaz
Fui entre tantos o mais dilecto.
Nos seus cursos o divino Sol,
Ou se o jugo ao Monte doura,
Ou se o Horto ele colora,
Para companheiro sempre me quer.
Que mais dizer? Dos raios amado
Me enchi a cega mente;
Porque trouxesse reverente
No seu seio sonos felizes.
Pequeno lobo (ah Pomo ingrato!)
Porque a mim a morte deu,
Ora morrer par mim se vê
Diz-me o Sol enamorado.
Por isso o explico nestas folhas
Com um Ai, que de dentro vem,
A dor das suas dores,
E as suas nas minhas dores.
Ò Jacinto, eu com fadiga
Direi a dor, que me atormenta.
Tenho bem Alma, que o ouça,
Mas não língua, que o diga.
Tu o vês. Tenho mole o bordo
De orvalho lacrimoso,
Como Mater dolorosa,
Que perdido tenha o Filho.
Volve o olhar, ai por piedade,
A olhar Virgem aflita:
Vê também, que me trespassaram,
Não sei dizer se Espinhos, se Espadas.
Como tu, de mancha obscura
Não tenho eu as folhas impressas;
Porque o Sol para sua m'elegeu,
E me quer toda pura.
Mas aquele Sol, que me dá vida,
É o mesmo, que me mata;
Que me mim a alma divide,
Se de mim quer fazer partida.
Quand’ele nasce, ai sou feliz!
Sou entre as flores a afortunada,
E todas me chamam beata;
Mas se morre, ai sou infeliz!
Ele no Orto, e eu no Horto,
Quando surge, então eu surjo;
Mas, o Ocaso a ambos junto,
Morro também eu, quand’ele é Morto.
Quem com novo obscuro véu
Escura Noite o Mundo encerra?
Que tremor sacode a Terra?
Que horror enche os Céus?
Ai. Desce o Sol, que adoro.
Ora contempla o meu martírio:
Também eu morro ao seu morrer.
Morro, ai coitada. Ai coitada, morro,
Aqui gelou a Rosa, e desfalece,
E caia já em terra,
Mas, qual Filho, no seu seio
O Jacinto a susteve.
Ora se só tão funesta
De piedade, de horror vos enche,
que seja então, se colhida cada sombra,
Que um bel verso se manifeste?
Fingir quis, e fingi apenas
Por piedade dos vossos afectos;
E os cobri com dois Floreados,
Para mostrar quão fera a dor.
Estes or quer a Cítara minha
Desvelar piedosos enganos.
O Jacinto era Giovanni,
E a Rosa era Maria.



Lodovico Antonio Muratori - Della perfetta poesia italiana

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